MÚSICA  X  CÉREBRO X GRAFOLOGIA

Nesse artigo, exponho parte do trabalho que apresentei no Congresso Internacional de Grafologia Online da Espanha em 2020. Estávamos no início da pandemia e escolhi um tema que pudesse auxiliar as pessoas a reduzir a ansiedade e a tristeza. Sabemos que a música tem diversas influências, sendo uma delas, a que pode gerar sentimentos negativos também; mas sempre opto por manter tudo de negativo distante, por isso, o meu destaque vai para os benefícios e tudo de positivo que a música pode nos proporcionar.

A música é uma linguagem universal, pois está presente na história da humanidade desde as primeiras civilizações. Segundo dados antropológicos, as primeiras canções seriam utilizadas em rituais, como: nascimento, casamento, morte, recuperação de doenças e fertilidade.

Música X Cérebro X Grafologia

Tal como a linguagem escrita, a música tem suas pausas, seus acentos, sua tensão e suas cadências ou resoluções do discurso musical. As duas formas de expressão – musical ou escrita – precisam de uma exposição, um desenvolvimento e um desfecho para contar ou recriar a história ou ideia que você deseja transmitir.

Tudo o que nos rodeia está imerso em som, sempre ouviremos sons, mesmo fechados em um quarto à prova de som, pois ouviríamos as batidas do nosso coração.

O que faríamos sem música?

A música pode ser usada para realçar cenas em filmes e na própria vida. Como os anunciantes atrairiam a atenção? O que seria uma cultura sem sua própria música? O que seria o amor sem uma música? A música complementa a manifestação de diferentes situações, por isso é utilizada como meio de expressão e comunicação.

O cérebro é rítmico

O cérebro gera ritmos sem parar. Os ritmos cerebrais são uma linguagem de comunicação entre os neurônios à medida que processam informações. De acordo com a teoria motora da percepção, quando ouvimos música, tendemos a simular os movimentos corporais que produzem o som.

cérebro de musica

Devido ao efeito direto que a música e os ritmos têm no cérebro, a inteligência musical provavelmente é a que mais influencia diretamente na alteração dos estados de consciência.

A pesquisa sobre como o cérebro processa a música está começando a ter um impacto em questões mais gerais da neurociência, como a interação entre o gene e o ambiente para produzir habilidades cognitivas distintas e como as sequências motoras são organizadas e aprendidas.

A música é importante porque facilita a neurogênese, a regeneração e o reparo dos neurônios. A conexão estabelecida entre as pessoas e os sons é tão essencial que começa antes mesmo do nascimento.

Sabe-se que a formação das estruturas auditivas no bebê ocorre nos primeiros meses de gravidez, o que aponta para uma relação muito íntima e sensível do ser humano com essa forma cognitiva. Nesse período, o bebê tem contato com sua primeira referência de ritmo musical: o batimento cardíaco da mãe.

Antes do nascimento o bebê reconhece o timbre da voz da mãe e já responde aos estímulos sonoros e, depois que o sistema auditivo está formado ele já aprecia todo o repertório musical e sons com os quais a mãe tem contato. A relação com a música ocorre desde então, mas torna-se mais intensa depois que ele nasce e passa a viver o universo sonoro que o cerca.

A música, desde a infância, desenvolve a coordenação sensório-motora-cognitiva, que se torna o pré-requisito fundamental para o desenvolvimento da consciência humana.

No âmbito funcional, os movimentos corporais provocados pela música não só desenvolvem o plano sensório-motor da criança, mas também permitem a construção de conceitos tão complexos de adquirir como o tempo e o espaço. Estes se constroem quando o sujeito, por meio do ritmo (tempo), cria imaginativamente percursos de forma geométrica no solo, em sincronia com o ritmo da música (espaço).

O impacto que a música tem no cérebro

Ouvir música também pode trazer vários benefícios para a saúde, como alívio da dor, melhora da memória, reduzir a ansiedade, a pressão arterial, entre outros e até mesmo um estímulo para a prática de atividade física.

A música por si só não cura uma doença, mas pode ajudar a combatê-la e, acima de tudo, aliviar seus sintomas. Está comprovado que a musicoterapia atinge resultados analgésicos ou que pode auxiliar na mobilidade de um paciente.

O impacto que a música tem no cérebro é ótimo e a música, quando caracterizada por certa frequência mais harmônica ou relaxante, gera altos estados de bem-estar nas pessoas. Múltiplos experimentos, investigações e trabalhos teóricos baseados ou relacionados à pesquisa experimental mostram que a música, e especialmente a música relaxante, tem grandes benefícios cognitivos, emocionais e neurobiológicos.

pensamento da musica

O isolamento obrigatório e as preocupações geradas por uma pandemia, causam estados de grande ansiedade, estresse e depressão. Para atenuá-los, os especialistas em musicoterapia explicam que podemos praticar a escuta ativa das melodias de que gostamos, porque a música é um recurso útil para combater esses estados emocionais.

A escuta ativa produz, em nosso corpo, substâncias químicas relacionadas ao bem-estar, como a oxitocina e a dopamina. O estado de espírito depende dos hormônios e está comprovado em vários estudos que quando ouvimos uma determinada melodia o nível de endorfinas aumenta, causando otimismo e alegria.

A música não cura uma pandemia, mas anima a alma.

A Morada Cerebral da Inteligência Musical

A área cerebral básica onde reside a Inteligência Musical é o lobo temporal direito, embora haja uma relação topográfica entre os hemisférios cerebrais. Nosso cérebro, que é plástico e adaptável, com o estudo e a prática da música, pode modificá-lo para fazer seus dois hemisférios funcionarem com mais agilidade e integração, de forma mais holística. Não apenas em funções musicais, mas também em domínios como a memória ou a matemática. Crianças com formação musical já foram pesquisadas e mostraram-se melhores na resolução de problemas matemáticos.

A produção e percepção musical envolvem grande parte de nossas habilidades cognitivas, compreendendo áreas do córtex auditivo e motor. Quando a música entra em nosso ouvido, a informação viaja pelo tronco encefálico e pelo mesencéfalo para chegar ao córtex auditivo. A informação é processada pelo córtex auditivo primário – incluindo a parte média do giro temporal superior – e pelo córtex auditivo secundário.

Por outro lado, a música produz em nós respostas emocionais que envolvem diferentes áreas corticais e subcorticais. As regiões subcorticais que mostram padrões de atividade em resposta à música, incluem regiões do sistema límbico, incluindo a amígdala, o hipocampo e o hipotálamo, bem como regiões para-límbicas, tais como a ínsula e o córtex cingulado anterior.

Estudos de imagens funcionais têm mostrado que a música está intimamente ligada aos nossos sistemas de recompensa, especialmente ao Núcleo Accumbens (NAcc) “o centro do prazer”. Ele pertence aos gânglios da base no cérebro humano (localizado no estriado ventral) e é conectado ao lobo límbico, que regula as emoções e os comportamentos sociais e conecta-se também às células extra-piramidais do sistema motor (Kandel, 2014). O sistema límbico é a parte do cérebro responsável por regular as respostas fisiológicas e emocionais do nosso corpo, sendo chamado por alguns autores como “O cérebro emocional”. As estruturas anatômicas do sistema límbico são responsáveis por processar nossas emoções e regular nosso comportamento, aprendizado e na memória.

O que é inteligência musical?

A inteligência musical corresponde a uma das inteligências do modelo proposto por Howard Gardner na teoria das inteligências múltiplas. É a capacidade de perceber, discriminar, transformar e expressar formas musicais. Inclui sensibilidade ao ritmo, afinação e timbre. Está presente em compositores, maestros, críticos musicais, músicos, cantores e ouvintes sensíveis, entre outros.

brain

De acordo Gardner e com o que escrevi no meu livro ” As Inteligências Múltiplas e a Vocação na Grafologia”, não existe uma linha exata de separação entre uma Inteligência e outra, todas têm igual importância, porém a Inteligência Musical mostra uma correta independência de identificação em relação às demais, como pode ser observado isoladamente em pessoas autistas que revelam redução na elaboração das inteligências interpessoal e linguística, mas desenvolvem grande habilidade para tocar instrumentos e realizar algum tipo de cálculo matemático.

Como percebemos, por meio da escrita, as tendências para a Inteligência Musical?

O principal signo da Inteligência Musical, muito bem observado por Moretti (18 de abril de 1879, Recanati, Itália – 24 de julho de 1963, Ancona, Itália) e confirmado por Marco Marchesan ( Grado 1899 – Milão 1991), é a chamada escrita ” Brincos” ou “Saltitante” (Scattante em italiano); é um signo caracterizado por pequenos saltos das letras na linha de base, muitas vezes com evoluções particulares, artísticas, originais e tendem a recriar as formas gráficas do fonema de acordo com uma impressão altamente personalizada.

O signo Brincos (Saltitante ou Scattante) é amplificado pela forte personalização no aspecto grafoescritural, pela escrita antimodelo, rápida e por todas as evidências que mostram variedade harmônica do ritmo (na pressão, na inclinação, na qualidade do traço, entre outros)

A Brincos (Saltitante ou Scattante) em conjunto com a escrita variável ou antimodelo, indica tendência à arte baseada na harmonia das partes (como é o gênio musical que possui a riqueza da composição). Revela um intelecto baseado nas raízes da criatividade; é a manifestação de uma forte sensibilidade musical e predisposição à interpretação e criação musical.

Ainda segundo Moretti, o signo Scattante (Brincos) sem a presença de uma escrita antimodelo, NÃO revela originalidade para a música, mas a pessoa sente e gosta de música, porque neste sentido há espaço para a sensibilidade e a receptividade de uma predisposição musical-crítica.

Marco Marchesan, aponta que a escrita que apresenta dimensão flutuante (de forma harmônica) é a expressão do sentido musical interpretativo.

Sintetizando os aspectos gráficos

A escrita a Brincos + Antimodelo + Variável + Engenhosa + Divergente + inclinação vibratória ou oscilante + dimensão flutuante: formam um conjunto de signos que indicam forte sensibilidade musical, facilidade de improvisação, memória auditiva, imaginação, emoção, capacidade rítmica, capacidade de diferenciar tons musicais, intuição e criatividade (sabemos que a música é intuição e a intuição sempre alimenta a criatividade).

Abaixo temos o exemplo de uma escrita de John Lennon

Conjunto de signos: Ligada, Brincos, Divergente, Contorcionada, Antimodelo, Variável, Engenhosa.

John Lennon

Escrita movimentada, antimodelo, brincos, variável, dimensão flutuante, vibrante, divergente. Representação da Originalidade, capacidade de improvisação, percepção das vibrações mais sutis, capacidade de identificação de imagens musicais, sensibilidade musical, predisposição à criação musical.

Abaixo temos a escrita do Tom Jobim

Tom Jobim 1

Perfis sutis e Palotes afilados + Brincos + Antimodelo, Variável + divergente, desligada : conjunto que caracteriza a inteligência auditiva, a intuição, imaginação, a habilidade envolvida na identificação de imagens musicais, criatividade, sensibilidade, expressão do sentido musical criativo e interpretativo e percepção das vibrações mais sutis.

Em 07 de agosto de 2021 por Elisabeth Romar

Elisabeth Romar – Análises grafológicas para empresas (Brasil e exterior): Seleção e Desenvolvimento Pessoal, Orientação Vocacional/Profissional, Avaliação por competências, Previsão de Risco.

Autora do livro “Las Inteligencias Múltiples y la Vocación en Grafología” (2011), Economista com especialização em Finanças Corporativas pela PUC- RJ, consultora grafológica para empresas (Brasil e exterior) na área de Seleção de Pessoal, Remanejamento de Cargos, Falsificação de Textos e Assinaturas, Desenvolvimento Pessoal, Avaliação por Competências, Previsão de Risco; Orientação Vocacional/Profissional por meio da escrita para jovens acima de 16 anos, adultos, pessoas que desejam mudar de profissão/carreira.

Bibliografia

Romar, Elisabeth – Las Inteligencias Múltiples y la Vocación en Grafología. Ed. Pedagógica – 2011

A música como meio de desenvolver a inteligência e a integração do ser – Lígia Karina Meneghetti Chiarelli e Sidirley de Jesus Barreto

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1 Comentário.

  • Patrícia Freitas
    novembro 19, 2021 2:22 pm

    Parabéns Beth pelo belíssimo trabalho que desenvolve na grafologia e pela contribuição!
    Tenho orgulho de ser sua aluna e de continuar aprendendo tanto com você.
    Gratidão!