Em homenagem ao guitarrista
Jimi Hendrix,
que este ano completaria 70
anos,  
caso estivesse vivo.

Jimi
Hendrix
Texto
original e análise grafológica: Antonello Pizzi
 http://www.psicologiadellascrittura.org/
Tradução:
Elisabeth Romar
Nascido em 27 de novembro de 1942, em Seattle de um
cruzamento étnico que inclui  DNA indiano, branco e negro, James Marshall Hendrix se
aproxima do violão aos onze anos
para preencher o vazio deixado pela
morte de sua mãe. Aos 16 anos
abandonou os estudos e se aproxima do rhythm and blues. Aos  21 inicia uma intensa  atividade, primeiro como uma session-man, e, em seguida, com sua própria banda, que
logo o consagra  como rockstar: The Jimi Hendrix Experience.
 
A escrita aqui reproduzida no texto de “Bold as
ove” do álbum “Axis, bold  as
love” de 1967, realizada três anos antes de sua morte, ano em que é literalmente
explorado pelo sistema
da febre das estrelas: durante o dia fica  no estúdio  de gravação e a  noite no
palco. A ilusão de ser capaz de
melhor lidar  com um
momento mágico, mas difícil, recorre as drogas,
caindo no círculo vicioso que o  levaria à morte, com apenas 27 anos.
A escrita é realizada com a mão
esquerda (evidente
no traço da letra “t” que parte da direita e se estende a esquerda de forma
afilada: 5ª linha em “the” e “waters”),  revela muitos signos de esgotamento físico:
fio gráfico atonico, enervado, fraco, frouxo, fleumático, sujo, borrado, com
hesitação e progressiva desestruturação na formação de algumas palavras, com
erro de ortografia (escreve, por exemplo, mettalic
ao invés de  metallic  na segunda linha, oppisite em vez de opposite na sétima linha) indício inequívoco de um estado de
consciencia nublado, considerando apenas os 24 anos de idade do autor.
Em plena era psicodélica a droga era difundida,
mas  em Jimi encontrou  uma predisposição a dependencia: a falta de
uma plena autonomia (ausencia do traço da independencia na letra “p”: do padre
violento e viciado em álcool, que não integra o modelo edificante), inclinação
e comportamento reiterativo, compulsivo (letra “s” sistemanticamente maior que
as outras letras, traço de mitomania) juntamente com a impulsividade, falta de
autocontrole (estreita entre palavras), conformidade (muitas hastes curvas para
a direita, muitas curvas acima e abaixo da linha), a propensão aos prazeres
sensoriais e táticos (curva) imerso em uma dimensão oniróide  (perna/bucle  da letra “g” dilatada), uma soma de projeção que compõem a descrição do puer aeternus.
O senso do eu é carregado de contradições: se autopercebe
 como importante e a necessidade de
reconhecimento assume a autoexaltação (tamanho grande, que tende a crescer no
final das palavras + traço da mitomania); ao mesmo tempo, sente-se na obrigação
do dever ao próximo, ao seu público (muitas hastes curvas a direita), com o
qual tem 
a necessidade de se misturar (espaço entre linhas estreito com confusão
de linha superior com a inferior) e que,  para se proteger ao mesmo tempo, distancia-se
com atidues “cool” que é típico de um “star” (rovesciata).
As características adolescentes
convivem com a inspiração (algumas ovais abertas na parte de cima), com as
atitudes criativas (soluções personalizadas, antimodelo), de  composição (forte sensibilidade aos sons,
ritmos, tons, modulações, timbres, vibrações, memória auditiva e senso de ritmo
são dados pela rítimica saltitação na base das letras) e interpretação (tamanho
flutuante,desenho variável das letras homográficas, margens variáveis com
osiclação rítmica à direita e à esquerda) com  acréscimo de floreios musicais  e ênfase (muitos traços supérfluos), evidente
na relação física e exibicionista que tem com a guitarra, na forma inusitada como
a segura nas exibições públicas, tocando-a com os dentes, cotovelos, roupas,
esfregando-a contra o pedestal do microfone ou contra as
caixas em busca de um feedback mais corrosivo (as 16 letras g têm uma forma
incomum, original, algumas com  dupla
volta e dupla abertura à direita, onde o “eu” se encontra com o “tu”, e que,
juntamente com a curvatura da escrita e da haste, acima da linha de base  – no confronto 
com o público, e abaixo da linha de base – no confronto com o  privado, fica aberto a todas as dimensões de
possibilidades  na esfera sexual; depois
da haste descendente,  traça o fio
gráfico ascendente para a direita, 
ousando em um gesto de audácia, desenhando inconscientemente uma clave
de sol, uma guitarra, a sua verdadeira, única e fiel companheira. O espaço da
abertura do bucle (perna) da letra “g” é dilatado, carregado com devaneios de
fundo erótico; a letra “s” em forma de serpente, um símbolo fálico, concluindo
com o “ricci del nascondimento” – um investimento energético na base pulsional
–  tendendo a área da transgressão).  
Ainda relativamente desconhecido no Festival de
Monterey  de 67, Hendrix queima  e destrói pela primeira vez a sua guitarra,
deixando todos atordoados, incluindo a presença de Pete Townshend do The Who e
Eric Clapton do Cream, considerado na época o  número um.
Sua reformulação insolente e arrogante do hino nacional americano, cheio de
“distonia estética” tornou-se parte integrante do imagináio coletivo da
cultura pop da época, resultando muito incômoda ao  establishment  Yankee, em um momento histórico em que a imagem dos  EUA era estremecida   pelos
horrores da  guerra do Vietnã e a  música teve um forte impacto sobre a geração
hippie.
A
morte de Hendrix, ocorreu no dia 18 de setembro de 1970 em circunstancias
misteriosas, seguida 16 dias depois da de Janis Joplin e nove meses após a de  Jim Morrison, encerrando a era de  de encontros oceanicos (Woodstock e  Isola
di Wight) de protesto musical,  de Flower
Power, do psicodélico e do LSD, a Era de Aquário.
Os afro
americanos, que recentemente haviam
perdido em morte violenta Martin Luther King e o  líder do qual se
orgulhavam,  Malcolm X, eles também perdem o homem que tinha restituído a paternidade negra do Rock, que com
insuperável genio musical, com a inconfundível “distorsão hamonica” da sua Fender Stratocaster  há mudado para sempre o
contato com  a
guitarra elétrica.